O Cidadão Iluminado: Controvérsias Sobre Inteligências e Transformações Digitais nas Redes de Energia Elétrica do Rio de Janeiro
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Publicações do PESC
O conceito das smart grids (SG) enfatiza a possibilidade das redes de energia elétrica (REE) adquirirem “inteligência” a partir da agregação de tecnologias digitais de informação e comunicação (TIC). Essa alusão de viés tecnicista, concebe a transformação digital como um processo de enxertar inteligência das TICs nas REEs. A presente pesquisa, contudo, procura evidenciar, por meio de um olhar sociotécnico, que uma suposta inteligência é fruto (portanto, sempre posterior) de intensas negociações entre atores humanos e não-humanos no entorno das REE. Neste sentido, analisa os discursos que conectam as SG e as digitalizações a ideais de progresso e cidadania, como o do consumidor aumentar a sua autonomia e gerar sua própria energia e o da ampliação e melhoria dos serviços por parte das concessionárias. Observando casos nas cidades de Niterói, Armação dos Búzios e Rio de Janeiro, procura evidenciar como tais discursos de um progresso advindo das transformações digitais são traduzidos nas práticas em meio às muitas controvérsias que envolvem os atores do setor, sobretudo no que diz respeito aos interesses dos cidadãos-consumidores. Como tentativa de ouvir mais dessas vozes da periferia (tanto das redes elétricas quanto das cidades), uma das iniciativas examinadas é a da primeira cooperativa de energia solar do Brasil em uma favela, que foi também a primeira cooperativa de geração de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro.
The concept of smart grids (SG) emphasizes the possibility of electric power networks (EPN) acquiring “smartness” from the aggregation of digital information and communication technologies (ICT). This allusion denotes a technicist bias that conceives digital transformation as a process of grafting ICT intelligence into EPNs. The present research, however, seeks to show, through a sociotechnical approach, that a supposed smartness is the result (therefore, always later) of intense negotiations between human and non-human actors around the EPNs. In this sense, it analyzes the discourses that connect the SG and the digitalizations to progress and citizenship ideals, such as the increasing of the consumers autonomy, the possibility to generate their own energy and that of the expansion and improvement of services by the utilities concessionaires. Observing cases in the cities of Niterói, Armação dos Búzios and Rio de Janeiro, it seeks to show how such discourses of progress arising from digital transformations are translated into practice. Especially with regard to the interests of citizens-consumers, these practices take place amidst the many controversies involving actors in the sector. In an attempt to hear more of these voices from the periphery (of electricity grids and cities), one of the initiatives examined is the Brazil's first solar energy cooperative in a slum, that was also the first energy cooperative in Rio de Janeiro state.